A importância da exposição ao idioma

Study this video as a Portuguese lesson on LingQ

Bom dia, meus amigos, e bem-vindos ao Podcast do LingQ.

No episódio de hoje, temos uma convidada muito especial, a Virginia.

Ela é brasileira, mora nos Estados Unidos e ensina português a estrangeiros.

Portanto, teremos uma conversa sensacional,

porque ela terá dicas ótimas para quem quiser aprender português

ou outros idiomas.

Se você estiver ouvindo nosso podcast do LingQ,

por favor, deixe sua avaliação na Apple, nos siga no Spotify, Google Podcasts

ou SoundCloud e, claro, não deixe de clicar em “curtir”

nos episódios que você mais apreciou, nós ficaremos muito agradecidos.

Para quem ainda não conhece o LingQ e estiver aprendendo um novo idioma,

dê uma olhada, porque vale a pena.

Eu uso o LingQ todos os dias, já que tem muito conteúdo legal

de texto e áudio ou de texto e vídeo sobre vários temas interessantes

em muitos idiomas.

Com o LingQ, é fácil aprender novas palavras,

porque você pode clicar apenas naquelas que você não conhece para ver a definição.

Se você já usa o LingQ, você já deve ter percebido que o aplicativo

tem uma aparência bem diferente.

O LingQ 5.0 é um aplicativo totalmente reformulado,

com uma interface mais fácil de usar, o conteúdo está mais acessível

e tem alguns novos recursos super legais, como a opção de personalizar o aplicativo,

tornando a experiência de uso do LingQ muito mais agradável.

Com o LingQ 5.0, você terá uma biblioteca bem organizada e mais fácil de acessar,

com muitos vídeos, áudios e livros no idioma da sua escolha.

Também tem um sistema de metas diárias de sequência mais abrangente,

mais acesso a conteúdo externo, o que é bem legal.

Uma experiência de leitura mais simplificada.

Uma experiência de audição melhorada e mais opções de personalização,

incluindo o Modo Escuro.

Dê uma olhada. Pessoalmente, como já disse,

eu uso o LingQ todos os dias, mas agora, vamos à nossa entrevista.

Então, hoje temos uma convidada muito especial, a Virginia.

Creio que ela mora nos Estados Unidos e é uma professora espetacular

de português brasileiro, claro.

E é a primeira vez que temos uma professora de português no podcast.

Eu acho que vai ser uma entrevista super legal.

Então, vamos começar.

Virginia, então- Bom, primeiramente, bom dia.

Tudo bem com você?

Bom dia, Gabriel. Muito obrigada pelo convite.

Eu admiro muito o seu trabalho e o trabalho do Steve,

estou muito feliz em estar aqui hoje.

Muito obrigado, a honra é minha- A honra é nossa.

Eu gosto muito do seu trabalho também.

Me diz, então- Vamos fazer uma pequena introdução.

Nos conte qual é a sua história, como você se mudou para os Estados Unidos,

como você se tornou professora de português e tudo mais?

Claro, vou tentar falar em poucas palavras,

porque é claro que minha história com o ensino da língua é um pouco longa.

Mas basicamente, eu sou brasileira, eu nasci em Teresina no Piauí.

Eu acho que isso você não esperava. [risos]

Eu morei muitos anos em São Paulo, em Florianópolis, em todo o Brasil,

e eu me mudei a Nova York há dez anos.

No Brasil, eu trabalhava com publicação de livros, eu tenho formação em línguas,

mas eu não trabalhava com línguas no Brasil.

Mas depois que eu me mudei a Nova York, eu tive que mudar de rodas, eu estava-

Eu me mudei por causa do meu marido e eu estava um pouco perdida aqui,

profissionalmente falando.

Então, eu voltei a estudar quando cheguei, porque ainda não tinha visto de trabalho.

Fiz mais um estudo, mais uma formação aqui

em língua inglesa, numa universidade americana.

E aí, eu comecei a dar aulas de português por acaso, porque eu precisava-

Eu queria fazer aulas, eu não queria ficar em casa sem fazer nada.

E eu comecei a dar aulas de português em algumas escolas de língua estrangeira

aqui em Nova York, Manhattan.

E eu me apaixonei pelo ensino da língua portuguesa como uma língua estrangeira.

Eu não tinha a menor ideia de que haviam tantas pessoas interessadas

em aprender o português brasileiro e fiquei absolutamente fascinada por isso.

Me apaixonei completamente pelo ensino e comecei a me dedicar muito a isso.

Comecei a trabalhar como professora em período integral, dar muitas aulas,

dei muitas aulas em escolas aqui, em Nova York, Manhattan.

Ao mesmo tempo, eu sempre me dediquei ao estudo de línguas.

Eu amo estudar línguas desde criança, eu acho que peguei este amor por línguas

da minha mãe, minha mãe é professora de literatura de língua inglesa.

Então, eu sempre ouvia muito ela falar de línguas, ela também fala várias línguas

e eu sempre tive contato com línguas através dela.

Então, é uma coisa que, paralelamente, enquanto eu estava me dedicando ao ensino

do português, eu sempre me dediquei a estudar línguas também.

E eu descobri um mundo novo depois que eu me mudei para Nova York.

Quando eu morava no Brasil, eu estudava línguas, mas sempre presencialmente.

Eu fiz alguns cursos em escolas.

Aprendi francês com um amigo, na verdade, que era francês e morava em São Paulo.

Mas depois que eu me mudei para cá, eu descobri o mundo online, virtual.

Legal. [risos]

Canais de YouTube, podcasts, professores maravilhosos,

porque eu nunca tinha prestado atenção nisso antes.

Comecei a seguir vários professores incríveis,

me matriculei em alguns cursos online para testar e para me aprimorar.

E foi quando eu comecei a sonhar em talvez fazer a mesma coisa

para ensinar o português brasileiro, porque naquela época,

haviam pouquíssimas pessoas, o ensino da língua estrangeira online

era uma coisa muito nova, mas agora, especialmente depois da pandemia,

se tornou uma coisa muito comum, vieram muitas-

Simplesmente, muitas pessoas- Se você entrar no YouTube, você vai ver

um monte de novos professores e novos canais que não existiam há pouco tempo.

Mas naquela época, era algo novo. Então, eu comecei a sonhar,

comecei a seguir muitos professores e sonhar com essa ideia de algum dia

criar um canal, criar uma escola de língua portuguesa baseada online.

E é isso o que eu tenho agora, eu criei uma escola em 2018.

Então, fazem quatro anos e meio que eu abri a minha escola online.

Ela se chama “Speaking Brazilian.”

É uma escola totalmente online com foco no ensino do português brasileiro

– como língua estrangeira. – Que legal.

Eu acho bem aleatório que você-

É “Speaking Brazilian”, não é “Speaking Portuguese”?

Porque também, já mata a dúvida. “É o português brasileiro, logicamente.”

Exatamente, muitas pessoas me questionam: “Mas por que esse nome? Não é Portuguese?”

Sim, é óbvio que é português, mas…

Eu queria um nome mais divertido e algo que deixasse bem claro que eu ensino

a variação brasileira do português, que convenhamos, é bem diferente

– da variação falada em Portugal. – Sim, com certeza.

E essa é uma questão muito interessante, porque-

Especialmente aqui na França, por exemplo, eu estou morando agora em Paris.

E na França, se alguém for para uma biblioteca ou para uma livraria

e procurar por livros de português, acharão livros para aprender português

e o português se chamará apenas “português.”

Mas o português brasileiro será- Resenhando, quero dizer-

É, vai ser chamado já de “brasileiro” e não de “português.”

E a minha teoria, pelo menos de como digo, pelo qual eles fazem isso,

eu creio que é pelo fato de que aqui na França existirem muitos portugueses.

E em Portugal, também existem muitos franceses.

E geralmente, muitos portugueses gostam de ser bem claros na diferença.

“Não, você aprendeu o português brasileiro, não é o nosso português que você cita.”

Então, me parece que muitos portugueses gostam de mostrar realmente a diferença

que existe e é justo, também. Eu acho isso justo.

Até no francês, por exemplo, o francês canadense de Quebec

é bem diferente, não só na pronúncia, mas nas expressões, nas palavras usadas,

é bem diferente do francês da França e assim vai, o que é bem legal.

Mas então, eu queria te fazer algumas perguntas legais relacionadas

ao aprendizado do português em si.

Primeiramente e logicamente, você pode responder a essa pergunta

de uma maneira geral ou talvez até um pouco específica,

porque eu acho que eu já vou conhecer uma parte da resposta.

Mas a pergunta é a seguinte, quais são as maiores dificuldades

dos estrangeiros que estão aprendendo o português?

Eu adoro essa pergunta.

Depende muitíssimo, como você deve saber.

Depende muito de cada pessoa, depende da língua nativa que a pessoa fala,

depende do lugar onde a pessoa mora, do ambiente, do contato

que a pessoa tem com a língua, mas pela minha experiência,

eu consigo dividir bem as dificuldades em dois principais grupos.

Então, tem o grupo das pessoas que falam espanhol ou outras línguas românicas.

Mas especialmente o espanhol, a dificuldade que essas pessoas têm

é muito diferente da dificuldade de alunos que falam inglês

ou alguma língua não-românica, é muito diferente.

Então, eu vou falar brevemente sobre cada um desses dois grupos.

Então, por exemplo, um falante de espanhol, italiano ou até mesmo francês,

mas especialmente espanhol, eles têm muita facilidade em entender.

Então, eles conseguem facilmente se habituar a entender a língua.

Eles ouvem o português e é familiar, não é tão difícil.

Com pouco tempo de estudo, eles conseguem entender muito bem.

Mas os falantes de espanhol, eles têm muita dificuldade

em superar a barreira de falar português sem misturar com o espanhol.

Esse “portunhol.” [risos]

Então, eu acho que a mesma coisa que ajuda é aquela coisa que atrapalha, né?

Então, é muito fácil de entender, mas é muito difícil de falar sem misturar,

porque o nosso cérebro mistura tudo.

E uma coisa com relação à pronúncia, falantes de espanhol têm muita dificuldade

com a pronúncia de certos fonemas que não existem na língua espanhola,

isso é tão interessante, porque há muitos espanhóis diferentes,

cada país tem uma versão diferente.

Mas de uma maneira geral, falantes de espanhol têm muitíssima dificuldade

de pronunciar o som da letra Z, eles pronunciam como S.

Então, eles têm que treinar muito para conseguir fazer o som do Z vozear.

Eles têm muita dificuldade com a pronúncia da vogal “Ó” e “Ô” fechada e aberta,

isso não existe no espanhol, eles pensam, “Wow, o que está acontecendo aqui?”

Eles também têm dificuldade com a pronúncia do G.

Geralmente, eles fazem com o som do X.

Então, são pequenos detalhes que realmente tornam,

você percebe que eles ficam com aquele sotaque bem espanhol

quando eles começam a falar o português.

Então, eles precisam trabalhar muito nisso.

Mas por outro lado, os falantes de espanhol têm muita facilidade em

entender o português rapidamente, porque em pouco tempo,

eles conseguem ter um excelente nível de compreensão oral

e eles não têm muita dificuldade com a conjugação de verbos.

Eles aprendem realmente rapidamente, porque as conjugações são muito similares,

é tudo muito similar, a gramática é similar.

Então, eles têm essa facilidade.

Agora, vamos falar sobre o outro grupo.

Os falantes de inglês e línguas não-românicas no geral.

Eu tenho muitos alunos americanos, pois minha escola é baseada aqui nos E.U.A.

Então, tem muitos alunos americanos, especialmente-

A maioria dos meus alunos têm um relacionamento com um brasileiro,

um namorado, uma namorada, um esposo ou uma esposa,

eles têm muitíssima dificuldade na compreensão oral,

é o oposto do falante de espanhol, demoram muito para superar essa barreira.

Para eles, é uma língua completamente estrangeira.

E eu entendo, eu me coloco no lugar deles.

Eu lembro da primeira vez que ouvi alemão, eu fiquei desesperada.

“Gente, eu não entendo nada!”

Agora, eu estudei por alguns meses, eu não falo alemão, mas-

Agora, quando eu ouço, eu já não fico tão desesperada,

porque eu consigo identificar algumas palavras.

Mas eu lembro que é algo totalmente estranho,

você se sente desconfortável ouvindo aquela língua,

porque você não entende absolutamente nada.

Então, esse é o grande desafio para os falantes de inglês.

Eles realmente não entendem, não conseguem entender,

eles precisam de alguns meses para começar a se sentir mais confortáveis

com a língua, eles precisam se expôr muito à língua para superar essa barreira

de começar a conseguir entender, ter um pouco de compreensão oral.

E outra dificuldade para falantes de inglês é a conjugação de verbos.

Porque o inglês é uma língua tão simples quando comparamos o português e o inglês

com relação à conjugação de verbos.

É claro que há alguns detalhes do inglês que são super difíceis também,

verbos irregulares.

Mas um exemplo bem simples: A conjugação de verbos no passado simples.

No pretérito perfeito do português.

É sempre igual para todas as pessoas: “I did, you did, we did, they did.”

E no português, como é?

– São quatro conjugações diferentes. – “Eu fiz, fizeram, fizemos…” Nossa!

Gente, é uma loucura!

Então, para eles, eles veem isso e entram em desespero, é muito difícil.

Então, essa é uma barreira muito forte para eles conseguirem superar

e conseguirem estudar e aprender a conjugação de verbos corretamente.

É um dos maiores desafios para falantes de inglês e línguas não-românicas.

Eu acho que, resumindo, é isso.

Eu sinto que falantes de inglês não têm tanta dificuldade com a pronúncia.

Eles têm dificuldade com a pronúncia, mas é diferente.

Eles têm mais dificuldades com os sons nasais.

Mas eu sinto que eles pegam a pronúncia mais facilmente que falantes de espanhol.

– Por incrível que pareça, apesar de ser- – Que interessante!

É, porque eu acho que nós temos fonemas mais similares.

Com exceção do som nasal, eles conseguem pronunciar as palavras

mais facilmente, mais corretamente, seguindo a pronúncia brasileira.

Isso é bem interessante, porque eu acho que-

Bom, geralmente, eles têm aquele sotaque fofo.

Por exemplo, o norte-americano vai ter aquele sotaque.

“Estamous aqui falandou!”

Tipo, aquele sotaque engraçadinho.

Também com o R, fazendo um R mais americanizado,

parecendo um caipira brasileiro, “Falarr inglês!”

Exatamente isso.

É só isso, eu acho bem interessante, porque geralmente são norte-americanos e-

Também, por exemplo, eu conheço uma canadense

e eu tenho vídeos dela no meu canal, eu a conheci em pessoa só uma vez,

porque eu estava lá em Paris, e quando voltei para Vancouver,

a gente fez um vídeo juntos em pessoa lá em Vancouver.

O nome dela é Mackenzie.

Ela é canadense, mas o nível de português brasileiro dela

é simplesmente incrível e a pronúncia dela é perfeita,

mas ao ponto de que, no meu canal, nos vídeos que eu tenho com ela,

havia muita gente questionando primeiro se ela não era brasileira mesmo

e até falando, “Não, Gabriel, essa menina está te trollando!”

“Ela está brincando, ela é brasileira e está te enganando, enganando a gente!”

Mas não, ela é canadense mesmo e aprendeu e desenvolveu

um nível espetacular de português numa questão de alguns anos.

Ela disse que dentro de um ano, eu acho, ela já tinha chegado à fluência.

Mas ela foi muito além, porque especialmente devido

à grande paixão dela pelo Brasil, ela se apaixonou pela música,

ela tem muitos amigos na Bahia, eu creio que ela foi para Salvador,

mas viajou um pouco pelo Brasil e ela tem um sotaque bem baiano do português.

Então, é muito interessante ver o nível que ela conseguiu alcançar.

E realmente, logicamente, os hispano- hablantes terão geralmente aquele sotaque

E é a mesma coisa também, por exemplo, comigo e com o meu espanhol.

Eu cheguei num nível legal do espanhol, mas geralmente eu ainda tenho um sotaque,

especialmente porque eu venho me concentrando em vários outros idiomas,

venho focando bem no chinês,

morando aqui na França, venho falando bastante francês,

então tenho menos prática mesmo com o espanhol.

Cheguei num nível legal, mas com certeza, às vezes o misturo com o italiano também.

E tenho uma mistura de sotaques, pois tive muitos amigos mexicanos em Vancouver.

Então, desenvolvi um sotaque mais mexicano e com expressões

e com palavras usadas mais no México.

Tenho também amizades com colombianos,

tenho mais amizades com espanhóis aqui na França,

então está uma mistura de sotaques regionais, de expressões.

– O que é uma coisa bem- – Eu amo isso, os sotaques diferentes.

Sim, é uma fofura ver isso nas pessoas, ouvir os sotaques diferentes.

E um dos meus sotaques favoritos do espanhol é o colombiano,

que é um sotaque bem legal, mas os sotaques-

Bom, também existem vários sotaques na Colômbia em si.

E no México em si também, existe uma variedade de sotaques,

mas geralmente, os sotaques colombianos e mexicanos são os meus favoritos,

pessoalmente.

Eu amo sotaques, eu estou mais familiarizada com o argentino,

porque eu costumava ir muito à Argentina quando eu morava em São Paulo,

então eu falo o espanhol usando o “vos.”

O que não se usa em outros lugares, só na Argentina.

Já fizeram piadas comigo aqui em Nova York,

eu fui falar espanhol uma vez com uma pessoa-

Eu não lembro de onde ele era, não sei se ele era mexicano,

acho que era de outro país, ele disse, “Não, não, não, eu não falo argentino.”

– Eu falei, “Tá bom.” – Que engraçado.

E eu nem sei se tem uma relação entre o nosso “você” brasileiro

e o “vos” da Argentina, pode ser que-

É uma ótima pergunta, não tem esse peso.

Não é a nossa área de especialidade, né?

Vamos ter que perguntar a um Argentino, talvez.

Mas que legal.

E uma coisa que também, logicamente, deve ser bem difícil,

especialmente para o norte-americano e-

Bom, e acho que para todo mundo que está aprendendo português,

será o “ão”, o “ães”, os sons-

Geralmente, ao pessoal que está começando a aprender especialmente o português,

eu vejo que é um problema bem grande para falar “mão,” “pão,” “pães,” “mães.”

Exatamente, são os sons nasais.

Eu acabei de publicar um vídeo no meu canal do YouTube sobre esse assunto,

justamente para ajudar os alunos, são tantos os sons nasais no português,

o português realmente é muito rico em sons nasais.

Nós temos as cinco vogais nasais, mais os ditongos nasais,

e são muitos ditongos nasais, mas os ditongos são realmente os mais difíceis.

Geralmente, a maioria dos alunos, tanto os falantes de espanhol quanto os de inglês,

eles têm a tendência de pronunciar um som apenas em vez de pronunciar as duas vogais.

Então, por exemplo, eles falam o “ão” como “on.”

Especialmente, os falantes de espanhol fazem muito isso, tipo,

“São Paulo” seria “Son Paulo.”

Ou, no caso dos americanos, “Sal Paulo.”

Eles não conseguem fazer o som passar pelo nariz,

eles fazem o som oral sem nasalidade.

“Sal Paulo”, é realmente muito difícil, porque não existe esse som

em algumas línguas, ou se existe, é muito diferente.

Sim, e quais são as dicas?

Você teria alguma dica geral para a pessoa conseguir desenvolver uma boa pronúncia?

Porque, por exemplo, quando eu estava começando a aprender o russo,

existem sons do russo que são exclusivos do russo, basicamente.

Ou que pelo menos, eu não conhecia.

Eu não conheço, por exemplo, os sons como o ы do russo.

Para mim, aquilo no início, eu pensei- Eu não conseguia nem entender

se era um “e”, se era um “i”, se era entre os dois,

e eu apanhei bastante para conseguir finalmente pronunciar corretamente, tipo,

[russo]

Até que uma ex-namorada minha me ajudou bastante a desenvolver a pronúncia,

mas eu fiz bastante listening para chegar ao ponto que eu consegui dominar esse som.

E você tem alguma recomendação em relação a isso?

Porque eu acho parecida a situação.

Claro, exatamente.

Eu acho que nós passamos por isso com todas as línguas,

eu passei, eu ainda hoje tenho dificuldades com alguns fonemas do inglês,

morando aqui há 10 anos.

Para a maioria dos brasileiros, o “th” é um desespero.

E para mim, eu ainda tenho dificuldades com algumas vogais, “apple” ou “épple.”

Bom, depende também do sotaque da região.

Porque, por exemplo, na Inglaterra em si, existem tantos sotaques regionais,

que vão ser bem diferentes do americano, então vão falar um “a” mais aberto.

“Ah-pple.”

Nos Estados Unidos, isso é mais um, “Épple” ou “Eh-pple.”

Exatamente, e é levemente diferente do nosso “é” no português.

Não é exatamente o “é” e não é o “a,” é algo no meio.

Exatamente.

Realmente, leva um pouco de prática ali.

Então, no português, nós temos muitos sons que são diferentes das outras línguas.

E eu acho que a melhor maneira de melhorar sua pronúncia

é realmente começar com o básico, ouvindo, você tem que ouvir.

Eu gosto muito de fazer um exercício de imitação, de ouvir e repetir.

Porque uma coisa que muda as dificuldades quando você aprende uma nova língua-

Você já sabe disso, mas eu estou respondendo porque você me perguntou,

– Sim, com certeza. – E quem está ouvindo talvez não saiba,

mas é muito importante você treinar seu aparelho fonador.

Porque, por exemplo, se você vai falar um fonema que você nunca falou antes,

que não existe na sua língua nativa,

você não sabe, literalmente, como movimentar sua boca, sua língua,

suas cordas vocais, para produzir aquele som.

Então, você vai ter que treinar. É como fazer um exercício de musculação,

o seu músculo para produzir aquele som está fraco, ele nunca foi treinado.

Você precisa treinar, movimentar seu aparelho fonador.

Então, é muito importante repetir em voz alta.

Então, você primeiro tem que tentar identificar o som.

Então, isso vai ser através da escuta. Quanto mais você escutar,

ouvir e estiver em contato com a língua, mais você vai assimilar esse conteúdo.

Mas só ouvir não vai te ajudar a melhorar a pronúncia.

Você precisa ouvir de forma ativa, ouvir, prestar atenção

e repetir em voz alta, tentar reproduzir aquele som.

No início, vai sair horrível, não vai sair correto,

a menos que você já tenha a facilidade com aquela língua.

Mas com muita prática e repetição, você vai treinar o seu aparelho fonador

a produzir aqueles sons.

Então, ouvir e repetir, ouvir e repetir.

E é isso, é treinar. É um exercício.

Especialmente se é um fonema com o qual você não está nada habituado,

você vai precisar exercitar regularmente, três vezes por semana,

você senta e faz o exercício por cinco ou dez minutos para produzir aquele som.

E com o tempo e prática, você vai conseguir dominar aquele fonema.

Sim, sem dúvida, absolutamente.

Especialmente porque, por exemplo, para eu desenvolver uma boa pronúncia

do mandarim, levou bastante tempo. E logicamente, está longe de ser perfeita.

Mas geralmente, os chineses me perguntam se eu já morei na China.

E eu nunca fui à China.

Mas basicamente, foram centenas, senão milhares de horas de exposição.

Logicamente, ainda estou desenvolvendo, ainda estou sempre melhorando,

mas para chegar num nível no qual os chineses começaram a se impressionar,

realmente foram centenas e centenas de horas de exposição ao mandarim

para começar a finalmente chegar num nível no qual

eu já tinha uma familiaridade até com o idioma

e começar a entender e conseguir ouvir, entender bem os tons diferentes entre eles

de uma maneira praticamente natural e conseguir reproduzi-los na fala também,

o que é algo bem interessante.

Mas uma coisa que você levantou antes, que eu acho muito legal mencionar,

é que eu também conheço, por exemplo, brasileiros que moram no Canadá há décadas,

mas ainda com níveis variáveis de inglês.

Algumas pessoas até ainda com o nível básico de inglês.

Algumas até com um nível inexistente, praticamente, de inglês.

Quero dizer, morar num país não é algo que garante aprender o idioma.

Então, isso é algo bem interessante.

É, eu também conheço brasileiros que moram aqui e não falam inglês.

Moram nos Estados Unidos, digo, há muitos anos e não falam inglês,

porque essas pessoas se habituaram a sair, a conviver apenas com brasileiros.

Então, se você mora em outro país, mas você só convive com brasileiros

e você não se expõe à língua, não se coloca em situações nas quais você precisa

se comunicar em inglês- No meu caso, falando dos Estados Unidos.

Eu falo, como no caso, o português.

Se você for ao Brasil, mas se você sair apenas com pessoas que falam inglês

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