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Luis and Pedro share their views on what Christmas means in this day and age. They also describe to each other, how they usually spend this holy day.(Luis e Pedro partilham as suas visões acerca do que significa o Natal nos dias de hoje. Descrevem também como costumam passar este dia santo.)
Luis: Olá Pedro.
Pedro: Olá Luis.
Luis: Tudo bem?
Pedro: ‘Tá tudo bem comigo.
E contigo?
Luis: Olha, ‘tá tudo.
Sabes, olha, eu aqui no outro dia estava a pensar que realmente o Natal está aí… está aí quase a chegar.
Pedro: É verdade.
Já estamos no início de Novembro, e realmente já estão a começar a haver preparativos para o Natal.
Luis: É verdade.
Isto, de ano para ano, cada vez começam mais cedo aí os anuncios e a propaganda toda do… desta festa super consumista, cada vez mais.
Pedro: Cada vez mais… cada vez mais o capitalismo está a dominar a quadra festiva do Natal, e cada vez mais começa mais cedo.
Eu às vezes até pergunto – pergunto-me a mim próprio – até que ponto é que esta coisa do capitalismo vai dominar tanto o Natal, sei lá, de em Agosto estarmos a falar já de Pai Natais e de “rendas” e de… de renas, queria eu dizer, desculpa; e de outros elementos festivos.
Luis: Tens toda a razão.
Então e já sabes como é que vais passar este teu Natal?
Pedro: Olha Luis, este Natal vai ser um pouco igual aos outros Natais.
Vai ser um Natal em família, na casa dos meus avós maternos, com os meus tios e com os meus primos.
Portanto, ainda somos bastantes.
Luis: Muito bem.
É bom teres um Natal assim em família.
Há aí tanta gente que eu conheço que não tem a possibilidade de passar o Natal junto da família, ou mesmo até, em situações ainda mais tristes, que não têm mesmo família.
Pedro: Sim, é verdade, é verdade.
Luís: Eu por acaso partilho d’uma experiência parecida com a tua.
Tenho também uma família até que posso considerar grande, e todos os anos, sem excepção, também nos juntamos todos na casa da minha tia, e passamos assim uma consoada cheia de comida e bebida e presentes.
É uma… é realmente uma ocasião muito feliz.
Pedro: Pois é, e olha lá uma coisa, a nível de comida, o que é que vocês costumam comer?
Luis: Olha, eu sei que, pronto, em Portugal temos várias tradições dependendo da zona, as pessoas comem coisas diferentes.
Normalmente na minha consoada, com a minha família, há o costume de comermos marisco…
Pedro: Marisco?
Luis: É verdade.
A minha família gosta muito de marisco, não é só no Natal; em quase todas as ocasiões que há festa, tem de haver marisco.
Pedro: Então, desculpa lá, quer dizer que não é uma tradição de… festiva, de uma época do ano, mas é uma tradição quase familiar, quando vocês se juntam, é isso?
Luis: Exactamente.
Posso dizer que a minha família, não tendo grandes ligações à religião católica… ao cristianismo, não é tanto uma celebração do nascimento de Cristo, como até eu penso que já pouca gente faz isso…
Pedro: Também acho que sim, também acho que sim.
Luis: …mas é mais uma ocasião p’ra estimar a família, e estar ao pé daqueles entes que te são queridos, e passares um bom tempo com eles.
Portanto, nós não ligamos tanto à parte formal daquela refeição específica que temos que comer, mas mais ao tipo de refeições que nós gostamos de fazer.
E, normalmente, andam à volta do marisco, e depois também temos um prato de carne: que pode ser cabrito assado, que pode ser lebre.
Variamos bastante com as carnes, normalmente sempre carnes assadas.
Pedro: Certo.
Então mas, já agora, gostava de saber uma coisa.
Estamos a falar da consoada…
Luis: Exactamente.
Pedro: Da consoada.
Luis: ‘Tamos a falar da refeição da consoada.
Pedro: Ora aí está.
É que é assim, no meu caso – na minha família – a gente, pronto, realmente seguimos o modelo mais popular e mais tradicional de Portugal, que é o bacalhau cozido com as couves cozidas, ou com as pencas: com as batatas, às vezes também tem grão cozido, ovos cozidos.
Pronto, quase tudo cozido, digamos, os componentes dessa refeição.
E, em relação às carnes, nós reunimo-nos no dia a seguir, no próprio dia vinte e cinco, também ao jantar – geralmente é ao jantar – e aí é que realmente comemos as carnes assadas.
Que como tu disseste, pode ser ou o cabrito, ou então também optamos, por vezes , pela carne… pelo lombo de porco assado.
Luis: Exacto.
Eu normalmente também, no dia vinte e cinco – no próprio dia de Natal – a maior refeição que nós fazemos em família não é o jantar, é o almoço, fazemos mesmo o almoço de Natal.
E aí, acaba por ir parar tanto… varia bastante, não temos também pratos fixos.
Pode ir parar novamente a carnes assadas, como pode ir parar a açordas, por exemplo.
Como temos uma tradição bastante alentejana, de raíz de família, as açordas são pratos que nós realmente apreciamos bastante.
Pedro: Certo.
Eu por acaso, ao ouvir-te falar das açordas, lembrei-me logo dessa tua costela alentejana.
E já agora gostava de ir um pouco por aí.
Então e que tipo de açorda é que vocês costumam consumir?
Luís: Eu basicamente… eu a única açorda que eu conheço realmente, e é o que… o que a minha família faz – e foi sempre o tipo de açorda que eu me alimentei – éa açorda que nós chamamos açorda à alentejana; que eu penso que se calhar há quem chame açorda de alho…
Pedro: Sim.
Luis: …que basicamente é feita com coentros, sal… coentros e sal e azeite, com ovo escalfado, e o bacalhau cozido.
Pedro: Certo, então…
Luís: E o pão molhado na sopa.
Pedro: Ora aí está.
Ou então como os alentejanos dizem, as sopas.
P’ro alentejano, as sopas, realmente, são as fatias de pão que ‘tão lá no molho, não é?
E não propriamente o molho em si… o molho não, o componente líquido, pronto.
Pronto, mas realmente é interessante, porque falaste-me que há bacalhau, e então também manténs a tradição, não é?
Luis: Nesse aspecto sim; no almoço de… do dia de Natal, normalmente há esse habito de normalmente haver até uma açorda.
Mas, não é fixo.
Pedro: Certo, como tu já disseste, pode ser uma coisa, como tanto pode ser outra coisa.
Luis: Exacto.
Pedro: Já agora gostava de saber uma coisa.
Tens crianças pequenas na tua família?
Luis: Desde… quer dizer, desde… quando eu era mais pequeno e tinha outros primos da mesma idade, éramos os pequeninos e éramos os que davam alegria à casa.
Pronto, agora já crescemos…
Pedro: Claro, claro.
Luis: …mas temos a sorte de nos últimos… no último ano, nos últimos dois anos, entraram novos membros na nossa família: filhos de primos meus, e mesmo do meu irmão mais velho; e então já há uma alegria diferente na casa.
É muito diferente quando fazes um… uma festa de Natal e tens crianças a partilhar aquele momento contigo, faz uma diferença muito grande.
Pedro: Eu partilho da mesma opinião, porque também recentemente – há cerca de três anos – a minha prima também teve uma filha que, pronto, por sua vez também é minha prima – pronto, é minha priminha -, e realmente dá outra cor.
Realmente, o Natal é mesmo a festa das crianças, e acho que são realmente as crianças que vivenciam toda a verdadeira experiência, e a beleza e o próprio espírito do Natal em si, pronto.
E, então, já agora gostava de te perguntar uma coisa.
O que é que tu notas de diferente desses Natais que tu passaste sem essas crianças pequenas, e agora estes em que realmente já passaste com essas… com estas crianças, com essas… esses novos familiares que tens agora?
Luis: Sim.
Olha, a maior diferença, e isto até é um assunto que por vezes é um pouco triste, mas realmente foi o que tem… é o que tem acontecido antes de chegarem estes novos membros da família: normalmente no Natal havia a tendência de recordar aqueles que já morreram.
Pedro: Sim, sim.
Luis: E então tornava-se uma ocasião um pouco… pesada, percebes?
As pessoas ficavam às vezes um pouco deprimidas naquela altura porque, é normal, no Natal tu pensas em família, e começas a pensar nas pessoas que já faleceram, e há uma nuvem de angústia que acaba por cobrir um bocado as celebrações.
Pedro: Sim, sim.
Luis: Quando tu tens crianças e bebés na tua família, esqueces um pouco essa parte porque tens ali uma fonte de alegria muito grande.
E acaba por… acabas por nem pensar tanto no que tu perdeste, mas acabas por pensar mais no que tu ganhaste.
Pedro: Olha, eu concordo perfeitamente com o que tu acabaste de dizer, e olha, estamos quase então a chegar ao Natal.
Desejo-te então um feliz Natal p’ra ti, p’rós teus familiares, e um grande beijinho para a tua família.